Processo 2_Soma propõe uma interface entre quatro linguagens: o vídeo, a dança (através do sapateado), a música e a tecnologia. Mais do que intercambiá-las, o projeto pretende investigar as implicações estéticas dessas linguagens quando postas em diálogo, materializando-se numa montagem que respeita suas peculiaridades e compreende suas hibridizações como algo natural à realidade e ao sujeito contemporâneo. Utiliza uma construção canal por canal, gerando, por exemplo, vídeos e músicas autônomas à performance.
O silêncio foi a temática eleita pela equipe nesta criação. Não apenas o silêncio existencial – talvez nunca tão debatido e notado no cotidiano da sociedade pós-industrial – mas as diversas dimensões que esse conceito contém como o “apagamento” social, a hipocrisia, a alienação, a comunicação entre surdos...
A diversidade de interferências gerada pelo multiplex code poderia ser análoga ao bombardeamento da ambiência pós-moderna, principalmente dos grandes conglomerados de mídia, interpretação contrária às intenções da equipe. O silêncio como tema é também uma resposta para o ambiente multimídia de Processo 2_Soma, reafirmando suas opções formativo-estéticas sem desumanizar ou despolitizar seu conjunto: uma temática aberta como é a estrutura hibridizada e interativa das linguagens intermediadas.
Os efeitos gerados pelo software, acionados a partir da intervenção de um VJ que executa a interface entre os sons e as imagens, obedecem aos conteúdos das sub-temáticas de cada quadro provocando, por exemplo, distensões temporais, sobreposições, níveis variados de saturação e antinomias: as imagens lançadas pelo software, projetadas num grande telão ao fundo do palco, sofrem efeitos e são editadas diretamente pela ação dos sujeitos imersos naquele ambiente – público e intérpretes-criadores.